SAO PAULO * PARTE 1
O São Paulo Futebol Clube (conhecido apenas por São Paulo
e cujo acrônimo é SPFC) é uma associação esportiva brasileira fundada em 1930,[1] tendo interrompido suas atividades
em maio de 1935, e as retomado em dezembro do mesmo
ano.[3] No futebol, e um dos mais bem sucedidos do Brasil, sendo que, dentre seus principais títulos,
destacam-se os seis Campeonatos Brasileiros, as três Copas Libertadores, duas Copas Intercontinentais e uma Copa do Mundo de Clubes da FIFA, e os vinte e um Campeonatos Paulistas conquistados.[4] Quanto a títulos internacionais, o
São Paulo, com 12 conquistas, é o terceiro time da América do Sul com o maior número de troféus,
ficando atrás somente de Boca Juniors e Independiente. A agremiação também possui tradição em outros
esportes que não o futebol, como no atletismo, onde seu atleta Adhemar Ferreira da Silva foi o primeiro bicampeão olímpico do país e quebrou recordes
mundiais, os quais são responsáveis pelas duas estrelas douradas no escudo do
clube.
Nos rankings de âmbito
nacional, o São Paulo figura em outra posição que não o primeiro lugar somente
no Ranking
da CBF, onde
aparece em sétimo.[5] Já pelas classificações da revista Placar,[6] Folha de S.Paulo[7] [8] e RSSSF,[9] o clube sempre aparece na
liderança. Entre as demais agremiações do mundo o Tricolor do Morumbi, um dos apelidos pelo qual é conhecido, ocupa a oitava colocação de
acordo com a Folha
de S. Paulo.[10] [11] Pelo ranking da CONMEBOL, que leva em conta apenas os resultados
obtidos nas últimas cinco edições das competições organizadas pela entidade, o
clube é o quarto entre os brasileiros e o sétimo em toda a América Latina.[12] Já para a IFFHS, órgão de estatística reconhecido
pela FIFA[13] [14] e que produz mensalmente um ranking de clubes, o Tricolor Paulista é o 10º melhor
clube atualmente[15] e o 18º melhor de todos os tempos,[n.b. 1] sendo o primeiro entre os clubes
brasileiros.[16] A mesma IFFHS elegeu o São Paulo
como o melhor time brasileiro da última década (2001-2011) e o segundo na América do Sul, atrás apenas do Boca Juniors da Argentina.[17]
De acordo com estudos da Brand
Finance, o São Paulo é o clube brasileiro com maior valor de mercado
atualmente, com U$ 95 milhões (cerca de R$ 300 milhões), sendo o 43º entre os
50 primeiros colocados mundialmente.[18] Já a empresa BDO Brasil aponta que a marca do clube é a
terceira de maior valor no Brasil ultrapassando os R$ 878 milhões,
ficando atrás do Corinthians (com R$ 1,241 bilhão) e distante do Flamengo (com R$ 1,243 bilhão).[19]
Em 18
de outubro de 2006 foi sancionada na cidade de São Paulo a lei nº 14 229 de 11 de outubro do mesmo ano, cujo projeto de lei era de nº 648 de 2005, na qual fica definido que no dia 16 de dezembro de cada ano será comemorado o
"Dia Tricolor", homenageando, dessa maneira, a data de refundação do
clube
Nome São
Paulo Futebol Clube
Alcunhas
Tricolor Paulista
Tricolor do Morumbi
Soberano
Clube da Fé
O Mais Querido
Tricolor do Morumbi
Soberano
Clube da Fé
O Mais Querido
Torcedor/Adepto São-paulino
Tricolor
Tricolor
Presidente Leco
A
história do São Paulo Futebol Clube começou a se desenhar em 1900, quando o Club Athlético Paulistano foi fundado. O Paulistano logo se destacou,
tornando-se a grande potência do futebol paulista e brasileiro no início do século XX. O Paulistano se recusava a aderir
ao iminente profissionalismo do futebol, e alguns dissidentes juntaram-se à Associação Atlética das Palmeiras, que possuía o melhor estádio da
época, mas estava com muitas dívidas, para fundar o São Paulo.[1]
A
trajetória do São Paulo mostra como e por que o clube é o mais vitorioso do
futebol brasileiro[2] com a maior quantidade de
conquistas nos três principais torneios de futebol disputados por clubes
brasileiros, o Campeonato Brasileiro (seis títulos), a Copa Libertadores da América (três títulos) e o Campeonato Mundial de Clubes (três títulos).[3]
No
dia 27
de janeiro de 1930, às 14 horas, foi assinada a ata de fundação
do São Paulo Futebol Clube, no número 28 da Praça da República,[4] nascido da união entre a Associação Atlética das Palmeiras e o Club Athlético Paulistano, ficando como data magna do clube o dia 25 de janeiro de 1930,[5] dia e mês de preferência de seus
fundadores por se tratar da data em que foi fundada a cidade de São Paulo.[6]
Entretanto,
a real data de fundação é dúbia, por ser apresentada de maneira diferente nos
meios de comunicação. Para o clube, como já foi dito, ela aconteceu no dia 25
de janeiro de 1930.[5] Para uma alguns meios de
comunicação a fundação ocorreu no dia 26 de janeiro[6] [7] devido aos atrasos na confecção do
estatuto, que fez com que a assembleia de fundação ocorresse somente nesse dia.[6] Porém o referido dia era um domingo. Cabe-se concluir, portanto, que a ata teria
sido registrada no dia 27 de janeiro conforme corroboram o jornal A Gazeta Esportiva[4] e a própria FIFA.[8]
Para
a criação do novo clube, sessenta integrantes do Club Athlético Paulistano
decidiram ceder seus jogadores campeões paulista de 1929, enquanto a Associação Atlética das
Palmeiras entraria com seu estádio, a Chácara da Floresta.[6] Conservando as tradições do
passado, o uniforme do novo clube estamparia as faixas vermelhas e pretas em
homenagem aos dois clubes fundadores. Seu escudo e sua camisa foram desenhados
pelo estilista alemão Walter Ostrich,[9] com a colaboração de Firmiano de
Morais Pinto Filho, um dos presentes à fundação. O nome escolhido para endossar
o desejo de fundar um clube que representasse a cidade nos âmbitos mais
variados não foi outro senão São Paulo Futebol Clube, que ficou conhecido como
São Paulo da Floresta apenas recentemente devido à localização de seu estádio.[6] A primeira diretoria foi formada
por: Edgard
de Souza Aranha
(presidente), Alberto Caldas (primeiro vice), Gastão Tachou (segundo vice),
Benedito Montenegro (terceiro vice), Luís de Oliveira Barros (primeiro
secretário), José Martins Costa (segundo secretário), João B. da Cunha Bueno
(primeiro tesoureiro) e Caio Luís Pereira de Souza (segundo tesoureiro).[10]
Os primeiros anos do clube coincidiram com acontecimentos que marcaram
época no futebol brasileiro. Pois
foi 1930 o ano da primeira Copa do Mundo, e apenas a partir dele
que uma partida passou a ser disputada em dois tempos de 45 minutos. E apenas
em 1933 é que o primeiro jogo profissional do país foi disputado, com a equipe
do São Paulo sendo uma das protagonistas juntamente ao Santos.[6]
Sobre esse primeiro jogo do profissionalismo, cabe ressaltar que foi
nele que o apelido do Santos, "peixe", foi dito pela primeira vez.
Tratou-se de uma provocação, antes do início do jogo, da torcida tricolor com
os jogadores do clube praiano, chamando-os de "peixeiros" de maneira
pejorativa.[6] A torcida santista retrucou dizendo "Somos peixeiros, e com muita
honra!". A partir daí o apelido foi adotado pelo clube santista, e a
mascote, a Baleia, foi criada.[11]
Desde seu início demonstrou ser um clube democrático, pois aceitava de modo irrestrito jogadores de qualquer etnia, classe social ou origem. Também foi o único clube da capital paulista a ter um ex-jogador — Roberto Gomes Pedrosa — como
presidente.[6] Como conquistas, o Tricolor Paulista venceu o Campeonato Paulista de 1931 em seu segundo ano de vida, e conseguiu sagrar-se vice em 1930, 1932, 1933 e 1934. Foi também vice-campeão do Torneio Rio-São Paulo de 1933.
Portanto, o Tricolor Paulista, clube recém-fundado, estava no topo do futebol
local, um fato extraordinário, mas nem tanto se levadas em considerações suas
origens vencedoras.[1] [6]
O São Paulo comprou, então, uma nova sede, suntuosa, localizada na Rua
Conselheiro Crispiniano (no centro da cidade), um pequeno palácio conhecido
como "Trocadero", ao custo de 190 contos de réis.[1] Essa dívida era grande para a época, porém o clube, detentor de um
campo como o da Floresta e um quadro de jogadores que valia muito, não se
deixava abalar por isso. Porém alguns dirigentes do clube, que andavam
descontentes com os rumos do futebol no país, resolveram fundir-se com o Clube de Regatas Tietê e acabar
com o departamento de futebol. Outro grupo, favorável à continuidade do clube e
liderado por Paulo Sampaio foi à Justiça e, no dia 23
de abril de 1935, impugnou o direito de a diretoria fundir o clube com o Tietê sem que a
opinião dos sócios fosse ouvida.[4]
Os próprios jogadores foram contra tudo o que estava ocorrendo. Tanto é
que se juntaram para formar o efêmero Independente Esporte Clube. Os atletas remanescentes do São Paulo foram, porém, atraídos por
outros clubes, e o Independente acabou extinto.[4]
Os sócios obtiveram ganho de causa mesmo após a defesa da diretoria do
clube. A diretoria não teve outra saída senão convocar uma assembleia geral.
Porém o artigo 2.º dos estatutos do clube à época dizia que somente os
"sócios-fundadores", considerados "proprietários" do clube
e que somavam duzentos, poderiam compor a assembleia. Como a maioria deles era
ligado à diretoria, a fusão foi aprovada em 14
de maio de 1935.[4] Nesse dia, debaixo de chuva, o departamento de futebol foi oficialmente
extinto e desfiliado da APEA.[6] Com a fusão, a parte administrativa foi fundida ao Tietê, que
incorporou todos os patrimônios físicos e, em troca, quitaria os débitos do
clube e não poderia usar as cores, uniformes e símbolos do São Paulo. Surgia
assim o Tietê-São Paulo.[6]
Contudo, alguns sócios indignados com a fusão ao Clube de Regatas Tietê
decidiram criar o Grêmio Tricolor,
uma associação que refundaria o clube em 16
de dezembro de 1935, preservando as glórias e tradições de outrora.[12]
O Clube da Fé —
1935 a 1939
Após a fusão com o Tietê, antigos sócios do Tricolor Paulista,
inconformados com tudo o que ocorrera, decidiram manter vivas suas convicções
sobre o clube, fundando assim o Grêmio Tricolor. Funcionou, pois em 4 de
junho de 1935, 235 antigos sócios fundam o Clube Atlético São Paulo. Mesmo
assim, o sonho era difícil de ser levado adiante sem dinheiro. Mas eis que após
reuniões diárias no escritório da família Mecca e num café da galeria Pirapitingui
renascia das mãos de 20 insistentes tricolores,[7] no ensolarado dia de 16
de dezembro de 1935 e após a reunião no escritório de
advocacia de Sílvio Freire, localizado em uma das salas do prédio número 9-A da
Rua XI de Agosto[10] — onde hoje está a Praça da Sé —, o São
Paulo Futebol Clube.[6] A primeira diretoria foi composta por Manoel do Carmo Mecca
(presidente), Alcides Borges (primeiro vice), Francisco Pereira Carneiro
(segundo vice), Éolo Campos (primeiro secretário), Luís Felipe de Paula Lima
(segundo secretário), Manoel de Arruda Nascimento (primeiro tesoureiro),
Isidoro Novaes (segundo tesoureiro) e Porfírio da Paz
(diretor-geral de esportes).[1] [10]
“ Aos 16 dias do mês de dezembro de 1935, nessa cidade de São Paulo, às 20
horas, numa das salas do prédio 9-A, da Rua XI de Agosto, perante grande número
de pessoas interessadas, que atenderam a um convite feito por intermédio da
imprensa pela diretoria do Grêmio Tricolor, realizou-se a assembléia que teve
por fim fundar o São Paulo FC. Na qualidade de um dos seus diretores do Grêmio
Tricolor, presente à reunião, o Sr. Tenente José Porfírio da Paz, depois de
expor os motivos da convocação da assembléia, pediu que indicassem um dos
presentes àquela reunião, para dirigir os trabalhos. Por unanimidade foi
indicado o nome do Sr. Tenente Porfírio da Paz que, assumindo a presidência da
mesa, escolheu para seus secretários os Srs. Éolo Campos e Francisco Pereira Carneiro.
Depois de
agradecer a sua indicação, o Sr. Presidente deu conhecimento da ordem dos
trabalhos que obedeceu à seguinte ordem do dia: a) leitura, discussão dos
estatutos; b) eleição da diretoria; c) admissão de sócios como fundadores; d)
isenção de jóias; e) convocação da nova assembléia para eleição do Conselho
Deliberativo e Fiscal; f) registro dos estatutos. ”
Ficou a cargo de Porfírio da Paz a formação de um novo elenco para o
clube que agora era pobre e sofria, pois alguns não acreditavam que poderia
voltar à grandeza do São Paulo anterior.[13] Feita a listagem dos jogadores, passou a ir a todas as rádios a fim de
arrecadar dinheiro para as contratações. Porfírio chegou a gastar sua fortuna
particular e a vender parte considerável de seu patrimônio para ajudar o clube.
Mesmo assim, os resultados não foram animadores, o montante arrecadado não era
grande e a maioria dos primeiros jogadores era de moradores da periferia e de
origem muito humilde. Enquanto Porfírio se encarregava de angariar fundos e
jogadores na própria capital, o presidente Manoel do Carmo Mecca e o treinador Del Debbio viajaram até a capital paranaense para contratar o já conhecido goleiro King, que viria a ser primeiro
goleiro negro a jogar por um clube paulista e inventor da ponte. O primeiro
treino do clube foi um jogo contra o Clube Atlético Paulista no campo
da Rua da Mooca, e o
tricolor venceu por 7 a 3. Já a nova sede foi inaugurada na praça Carlos Gomes,
número 38, ao dia 24 de janeiro de 1936.[6]
O clube bem que pretendia estrear no próprio ano de 1935, mas, por conta
da fusão e da desfiliação da APEA, não foi possível. Dessa maneira, a estreia
do novo clube foi marcada para 25 de janeiro de 1936, contra a Portuguesa Santista, no estádio Antônio Alonso. No
mesmo dia do jogo havia uma comemoração para o aniversário da cidade na Avenida
Paulista, e uma portaria baixada pela Secretaria de Educação impedia a
realização de manifestações ou eventos que pudessem, de alguma forma, rivalizar
com a parada. Faltando pouco tempo para o início do jogo, Porfírio foi até a
Paulista a fim de convencer o médico Cantídio Campos, então secretário
municipal da Educação, a autorizar a partida. Porfírio subiu no palanque e
argumentou a favor do time que leva as cores e o nome da cidade. Cantídio
aceitou os argumentos e autorizou em seu próprio bloco de receitas a abertura
dos portões e posterior realização do jogo. Porém, na hora de ir ao estádio,
não havia bondes circulando pela cidade. Foi então que Porfírio, mais uma vez
ele, alugou com seu próprio dinheiro carros para levar jogadores e torcedores
para a partida.[6]
Nos primeiro anos dessa nova vida o clube era conhecido pelas outras
agremiações e seus respectivos torcedores como um time de pobretões. Não
bastasse isso, a imprensa de um modo geral, além de também os chamarem de
pobres, tratava o clube pelos nomes de "Júnior", "Clube n.º
2" e "São-Paulinho". No entender de grande parte da população
paulistana, a nova agremiação não poderia chegar às glórias da anterior e
sequer chegar ao mesmo patamar de Corinthians e Palestra Itália.[6] Porém, após tantos empecilhos e ressurreições, ganhou em 1937 o apelido de "Clube da Fé", dado pelo jornalista Tomás
Mazzoni, que perdura até hoje.[1] [6] [13]
“ Recentemente, surgiu o São Paulo FC Júnior com as mesmas pretensões do
antigo. Se o novo São Paulo veio ao mundo da bola sem os haveres, fama e
prestígio dos seus antepassados, trouxe a maior das riquezas: a fé no seu
destino, o amor ao seu hoje. Somente a fé poderia levar o atual Tricolor a
nascer como um clube varzeano qualquer e tornar-se logo uma agremiação no
caminho reto do progresso do futebol superior. O Clube da Fé, como merece ser
chamado o atual São Paulo FC (…) ”
Nessa época o clube não possuía sócios, fonte de renda
e sequer patrimônio. Treinava e jogava onde deixavam. Não havia nem lugar para
fazer a concentração, que tinha que ser improvisada com metade do elenco na
casa do presidente Frederico Menzen e outra metade nos beliches que havia na torre da igreja da Consolação, paróquia do
Monsenhor Bastos, ilustre são-paulino. Os treinos eram por vezes realizados no
pátio da própria igreja junto ao local onde os congregados marianos jogavam basquete. Quando
havia disponibilidade o time treinava no campo da Várzea do
Glicério, mas com a condição de desocupar o local assim que os
times, donos do campo, chegassem.[6]
Porém, mesmo com toda a força de vontade e fé de seus
dirigentes e o forte apelo popular herdado do Paulistano e do Palmeiras, a
verdade é que os jogadores do São Paulo, com raras exceções, eram fracos
tecnicamente. O time conseguiu apenas um oitavo lugar no Paulista de 1936 e um sétimo lugar
no ano seguinte.[7] Isso seria
resolvido com uma nova fusão: em 1938 o Clube
Atlético Estudante Paulista, fundado em maio
de 1935 por dissidentes do São Paulo, fez uma excursão ao Chile e ao Peru, em que o empresário fugiu
com o dinheiro arrecadado, deixando o clube às portas da falência. O São Paulo,
sabendo da situação, resolveu propor uma fusão, pois o Estudante era formado
por bons jogadores e possuía o estádio Antônio Alonso; já o São Paulo possuía torcida, carisma e as contas
em dia. Sobrou a dúvida sobre o nome do clube. Os tricolores alegavam que eram
mais antigos e que já possuíam uma tradição, além de levar o nome e as cores do
estado. Pois foram esses argumentos que prevaleceram, com a condição que o novo
presidente fosse alguém neutro, ligado aos dois clubes, Piragibe Nogueira.
Outra decisão foi a de que sócios de ambos os clubes teriam seus números de
matrícula zerados para facilitar a fusão. O São Paulo então arrecadou o
dinheiro para saldar a dívida, e o acordo foi então fechado. Em 25 de agosto de 1938 o novo time estreou, já contando em seu quadro de atletas com
metade do time do Estudante, entre eles Roberto Gomes Pedrosa, futuro presidente do clube. A nova sede ficaria no
prédio da Rua Dom José de Barros, número 337, na República.[6]
Curioso notar que semanas antes da fusão, em 3 de
julho de 1938, o São Paulo promoveu o "Festival do São Paulo FC",
que oferecia a Taça Henrique Mündel ao vencedor justamente para arrecadar
fundos, apesar de a situação financeira do clube já estar estabilizada.[14]
Após a fusão, e já com um time capacitado, o tricolor chegou ao
vice-campeonato do Paulista de 1938 — poderia ter sido campeão não fosse o gol de empate do atacante
corintiano Carlinhos, feito com a mão e validado pelo juiz de forma polêmica (o
empate dava o título ao Corinthians).[15] Já no ano de 1939 os jogadores ainda estavam se adaptando, tanto é que conseguiram apenas
o quinto lugar no Paulista daquele ano.[7] Nessa mesma época o clube começou a estimular a prática de outros
esportes que não o futebol.[16]
O São Paulo foi pioneiro em torcidas organizadas. Em 1939
o cardeal são-paulino Manoel Raymundo Paes de Almeida fundou na Mooca o Grêmio são-paulino, que depois se transformaria na TUSP — Torcida Uniformizada do São Paulo. Ela era uma torcida entusiasmada e que fazia comemorações por conta
própria com serpentinas e confetes.[17]
O Mais Querido —
1940 a 1949
Após o dia 27 de abril de 1940, com a
inauguração do estádio do Pacaembu, o futebol paulista nunca mais foi o mesmo. A partir
daquela data a cidade contava com o até então maior e mais moderno estádio da América Latina, com capacidade para 70 mil torcedores. Isso fez com que o eixo do
futebol fosse deslocado do Rio de Janeiro para São Paulo, passando a ser não só um evento
esportivo, mas social também. Era o período da ditadura Vargas, em que
eram proibidas ostentações das bandeiras estaduais.[6] [
As pessoas começaram a chegar cedo, por volta de 10 horas, e na hora das
festividades estima-se que o público estivesse entre 60 mil e 80 mil. Muitas
autoridades se fizeram presentes nas tribunas de honra, entre elas Getúlio
Vargas, presidente da República, por quem os paulistas não nutriam muita
admiração. As festividades tiveram início com o desfile de delegações da Argentina, Uruguai, Peru, Paraná, Minas
Gerais, Rio de Janeiro, interior de São
Paulo e, claro, dos clubes da cidade de São Paulo. As equipes de Corinthians
e Palestra Itália foram as primeiras a entrar, sendo ovacionadas pelos
presentes, mas nada comparado à entrada do Tricolor Paulista. O estádio inteiro
e os locutores de todas as rádios, revoltados com a censura, driblaram-na ao
aplaudir de pé a entrada da delegação tricolor — que trazia, além do nome, as
cores da bandeira paulista — como uma resposta ao presidente, odiado em São
Paulo desde a Revolução Constitucionalista de 1932. O público presente se levantou para saudar a delegação e, apontando
para a tribuna onde estava Getúlio Vargas, gritavam o nome do time.[6]
“ O público
esportivo propriamente dito demonstrou quanto é querido o S. Paulo F.C., pois,
ainda que apresentasse pequena turma, recebeu calorosas palmas, sendo o nome
ovacionado deliberadamente. ”
No dia seguinte, o jornal A
Gazeta Esportiva estampou em sua capa a manchete "O Clube Mais
Querido da Cidade". Passado mais um tempo, o DEIP — Departamento Estadual de Imprensa e Propaganda — promoveu um concurso
público entre torcedores de todas as agremiações da época para saber realmente
qual era o clube mais querido pelos cidadãos da cidade. Com Corinthians e
Palestra Itália sendo favoritos — pois possuíam as maiores torcidas —, o
vencedor acabou sendo o São Paulo, com 5 523 votos, mais que a soma de
votos dos seus dois principais concorrentes: foram 2 671 votos para o
Corinthians e 2 593 para o Palestra. Portanto, o São Paulo é oficialmente
"O Mais Querido", slogan
que figura até hoje entre os impressos de correspondência do clube.[6]
No mesmo ano, em 19
de maio, o São Paulo recebeu a taça do primeiro título oficial conquistado no
Pacaembu, o Torneio Início do Campeonato Paulista, em cima do arquirrival Corinthians.[6] No torneio que valia a taça estadual, porém, ficou apenas em sexto
lugar. Em 1941 o time alcançou o vice-campeonato estadual, voltando, então, a flertar com o título.[7]
Em
1942 o São Paulo passaria a ter um
divisor de águas na sua história, Leônidas
da Silva. Já com
certa fama nacional, ele fez um jogo, em dezembro de 1932, pelo selecionado nacional, contra a equipe do Uruguai e marcou os dois gols da vitória por 2 a 1. Pela sua atuação ganhou o
apelido de "Diamante Negro". Seu outro apelido conquistado foi
"Homem de Borracha", pela sua atuação no jogo contra a Tchecoslováquia, em que, além de marcar dois gols, executou
sua jogada mais famosa, a bicicleta. Pois Leônidas estreou em 24 de maio de 1942 contra o Corinthians e
terminou o campeonato elevando o time ao terceiro lugar, já com esperanças de
um futuro promissor.[6] Leônidas foi o divisor de águas da
história são-paulina, pois o clube até então havia ganhado apenas um estadual,
em 1931, e a partir do momento em que estreou o São Paulo angariou diversos
títulos.[6]
Por
conta do grande público (70 281 pessoas, recorde de público do Pacaembu de
todos os tempos) e pela importância dessa partida da estreia de Leônidas, o
clássico entre o Tricolor e o Alvinegro Paulista ficou conhecido como Majestoso, apelido dado pelo jornalista de A Gazeta Esportiva Tomás Mazzoni.[6]
Nesse mesmo ano o Brasil passava por um momento histórico delicado. No
meio da Segunda Guerra Mundial,
aflorava um sentimento anti-italiano no país devido ao fato de a Itália pertencer ao Eixo. Ainda nesse aspecto, o
governo instaurou uma dura repressão aos países que estivessem contra os Aliados.[6] [19] [20] Dessa maneira, instituições alemãs e italianas foram fechadas, mudaram de nome ou sofreram intervenção
direta do governo, entre os clubes pode-se citar o Cruzeiro Esporte Clube, que
também chamava-se Palestra Itália e que mudou de nome. Os alviverdes, no
entanto, acreditam que a perseguição foi motivada pelo São Paulo, que nutria
interesse em tomar para si o estádio Palestra Itália e que
obrigou o Palestra Itália a mudar seu nome para Palmeiras. Oberdan
Cattani, goleiro palestrino, disse certa vez que o São Paulo mandava na
Federação Paulista e por isso agia daquela maneira. Esquecem-se, porém, que o
Tricolor Paulista ainda era um time de menor expressão e que Getúlio Vargas não
nutria muita simpatia pelo clube após os acontecimentos da inauguração do
Pacaembu.[6] Ainda no mesmo ano o São Paulo se associou à Deutsch Sportive — que
também sofria preconceitos por sua origem alemã — e passou a ter um campo para
treinamentos, o Canindé.[21] Apesar de ser uma associação, o terreno do Canindé — equivalente a 70
mil metros quadrados — foi
comprado pelo equivalente a 740 contos de réis. O São Paulo passaria a ser
conhecido como Tricolor do Canindé.[6]
Na reunião que definiria o calendário do Paulista de 1943 na sede da Federação Paulista, um
dirigente do Corinthians disse que o encontro não era necessário, pois, ao
lançar uma moeda ao ar, o campeão seria definido: se desse cara, o campeão
seria o Corinthians e, se desse coroa, o Palmeiras — antigo Palestra Itália. Ao
ser questionado sobre o São Paulo pelo representante tricolor, o dirigente
respondeu que se a moeda parasse em pé o campeão seria o São Paulo — e, se
parasse no ar, a Portuguesa.[22] Realmente, até aquele momento o Tricolor era tratado com um time
mediano que não rivalizava com os rivais supracitados. Dessa maneira se iniciou
o campeonato, com o São Paulo disposto a quebrar a hegemonia de Corinthians e
Palmeiras. No último jogo, contra o Palmeiras, o São Paulo segurou um empate
sem gols e faturou o título: a moeda caiu em pé.[6] Por conta dessa conquista, o então Grêmio são-paulino fez uma marcha à
noite com um carro alegórico que continha uma moeda em pé somente para ir
buscar a Taça dos Invictos no
prédio de A Gazeta Esportiva.[17]
A década de 1940 foi a
mais rentável em termos de títulos para o tricolor até então: foram cinco, com
direito a dois bicampeonatos — Paulista de 1945/Paulista de 1946 e Paulista de 1948/Paulista de 1949 — e um título invicto — Paulista de 1946.[6] [7] Esse time ficou conhecido como "Rolo Compressor" — quando
entrava em campo desconhecia-se apenas o placar, pois a vitória era garantida —
e serviu para estabilizar o São Paulo como associação esportiva, já que a
partir dessa época o clube desenvolveu de maneira rápida inúmeras atividades.[23]
Com a hegemonia do São Paulo, atrelada à recente acusação sobre a tomada
do Palestra Itália e a disputa pelos títulos entre os clubes, o clássico ganhou
em importância e foi apelidado, novamente por Tomás Mazzoni, como Choque
Rei.[24] Também foi a partir dessa década que o clube passou a formar, junto a
Corinthians e Palmeiras, o chamado Trio
de Ferro.[6]
Nessa época foram criados os departamentos de atletismo, esgrima, pugilismo, vôlei e xadrez, todos eles em 1943.[10] , basquete[25] Alguns deles, porém, não tiveram tanto êxito e acabaram fechando após
alguns anos, como as atividades de esgrima, xadrez e vôlei, sendo que a última
voltaria à ativa em meados da década
de 1970.[10] Dentre os muitos departamentos criados, o de atletismo merece destaque,
pois logo em seu segundo ano, 1944, conquistou uma série de catorze títulos paulistas, que acabariam
somente em 1957. Porém já em 1961 conquistaria esses mesmos títulos até 1966, sendo, portanto, campeão por 20 vezes em 25 anos.[26]
A década de 1950 começou
com bastante expectativa sobre o time que havia conquistado o decênio anterior.[6] Além disso, em 4 de
janeiro de 1950 Leônidas marcou seu último gol pelo clube e após mais três partidas se
aposentou, em 21 de janeiro. Todos queriam saber como
seria o time sem seu maior jogador.[7] Pois no fim da década anterior começara a ganhar força um movimento
para a construção de um estádio à altura das conquistas do clube. O então
presidente Cícero Pompeu de Toledo
encabeçou o grupo que era a favor do estádio, com a justificativa de que o
clube não poderia apenas ganhar títulos, precisava também crescer
patrimonialmente.[6] Havia muitas pessoas, até de dentro do próprio clube, contra a
construção. Diziam que seria uma loucura que poderia prejudicar muito as
finanças do clube, pois o projeto não visava apenas à construção de um grande
estádio, mas sim do maior estádio particular do mundo.[6]
“ Fazer o
difícil na hora e o impossível um pouco depois. ”
A ideia original era construir o estádio no próprio terreno do Canindé,
mas com a construção da Marginal
Tietê dois terços do terreno — cerca de 20 mil metros quadrados — foram
desapropriados pela prefeitura, e a construção de um estádio no local foi então
descartada.[27] Com esse primeiro contratempo, Luís Campos Aranha disse a Pompeu de
Toledo que sabia quem poderia arrumar o clube para que o estádio fosse
construído. Esse alguém era Laudo
Natel, diretor financeiro do Bradesco e são-paulino.[10] Para conseguir um empréstimo junto ao banco, o São Paulo precisava
sanar suas dívidas.[27] Para tal, Natel sugeriu a venda do único patrimônio do clube, o
Canindé. O campo de treinamento foi então vendido a Wadih Sadi, conselheiro do
clube,[6] com a condição que o clube pudesse continuar treinando por lá até que
tivesse outro local.[27]
“ Não podemos ser um clube de onze camisas, uma bandeira e muitas dívidas
nos assustando. ”
Com as dívidas sanadas e o empréstimo engatilhado, o clube partiu atrás
de um local que atendesse às exigências, sendo logo escolhido um terreno
alagado no bairro do Ibirapuera, onde hoje se localiza o Parque
Ibirapuera. O prefeito Armando de Arruda Pereira deu
sinal verde para o uso do terreno e enviou oficio à Câmara dos Vereadores para
a oficialização. Mas Jânio
Quadros, presidente da Câmara, se opôs e vetou o projeto.[6] A solução encontrada foi edificar o estádio longe do centro da cidade, em um
local à época conhecido como Jardim Leonor e que depois se transformaria no
bairro do Morumbi.[6] O local, desabitado e sem infraestrutura, estava sendo loteado pela
imobiliária Aricanduva e em dezembro de 1951 o São Paulo, por meio de Luís Aranha, conseguiu que a imobiliária
destinasse ao clube uma área que antes serviria para parques e jardins.[10] Com isso, o clube recebeu uma doação da imobiliária em 4 de agosto de
1952, em troca da compra de parte do terreno.[27] A prefeitura foi mediadora do processo e impôs certas condições à
construção.[28] Já em 15 de agosto, a pedra fundamental foi abençoada pelo Monsenhor
Bastos, e a escritura de posse, assinada por Pompeu de Toledo. Ainda no mesmo
dia foi formada uma comissão pró-estádio, presidida por Cícero Pompeu de
Toledo, independente da direção do clube e que se ocuparia somente com o estádio.[6]
Antes até de ser escolhido o projeto, as cadeiras cativas já começavam a
ser vendidas pelo goleiro José
Poy por sua vontade, uma vez que a diretoria almejava apenas usar sua
imagem. Poy foi muito bem sucedido, pois, das doze mil cativas colocadas à
venda, conseguiu vender 8 mil.[6]
Muitos projetos foram apresentados à comissão, inclusive um de uma
construtora soviética chamada Antonov & Solnnerkevic, que previa uma
cobertura transparente e removível em todo o estádio. Mas o projeto escolhido
foi o de João Batista Vilanova Artigas, conceituado arquiteto da Escola Paulista, principalmente por possuir
capacidade para 150 mil pessoas. A obra teve seu início em 1953, com o
estanqueamento do terreno, a construção de galerias e o escoamento do campo.[6]
Faltava agora o nome para o estádio: pensou-se em "9 de
Julho", em homenagem à Revolução Constitucionalista de 1932, e até em
"Paulistão", mas em 1957 Cícero Pompeu de Toledo adoeceu e afastou-se
do cargo. Pressentindo que ele não duraria muito, conselheiros reuniram
assinaturas para que o nome fosse o do idealizador e maior motivador da obra, Estádio Cícero Pompeu de Toledo.[6] Em 1958 Cícero faleceu, mas já com a ciência de que seu sonho seria
realizado.[27] Com a morte de Pompeu de Toledo, uma nova comissão foi formada, dessa
vez encabeçada por Laudo Natel.[10] Com isso, a construção foi conduzida de maneira firme e passando por
cima de dificuldades incríveis, pois nada do que entrou para a construção foi
cedido por qualquer poder público.[10]
De 1952 até 1959 o clube destinou todo o dinheiro para o estádio, mas
mesmo assim conseguiu ter equipes competitivas com craques, chegando a ganhar
os Paulistas de 1953 e 1957,[6] sendo que este último título marcou a despedida de Teixeirinha e contou
com a experiência do carioca Zizinho, já com 35 anos, em campo e o treinador húngaro Béla Guttmann no banco.[7]
Sobre o Paulista de 1953 cabe dizer que deu ao clube o título de
"Campeão do IV Centenário" da cidade de São Paulo,[6] pois o título somente fora decidido em 24 de janeiro de 1954,[7] um dia antes do aniversário de 400 anos da cidade, tornando o time,
dessa maneira, o legítimo campeão paulista das comemorações do aniversário.[6]
O São Paulo também ficou com os vice-campeonatos paulista de 1950, 1952, 1956 e 1958.[7] Sendo que a partir do Campeonato de 1956, perdido para o Santos, o
clássico entre as duas equipes foi apelidado de San-São pelo jornalista Tommaso
Mazzoni.[6]
O ano de 1952 também foi frutífero para o atletismo do clube, mais
precisamente para o salto
triplo, pois foi nesse ano que Adhemar Ferreira da Silva, atleta
revelado pelo clube em 1947, alcançou o recorde mundial da categoria nas Olimpíadas de 1952, em Helsinque, feito repetido nos Jogos Pan-americanos de 1955, no México.[10] [26] Esses dois recordes, e suas respectivas conquistas, foram imortalizados
no escudo do clube com duas estrelas douradas em 1955 e, posteriormente, no
uniforme em 1997.[29]
A década de 1960 foi
marcada pelo Santos de Pelé, que conquistou quase tudo que disputou. Não bastasse isso, o São Paulo
ainda estava com seu estádio inacabado.[6]
O clube não possuía mais dinheiro para a construção, e uma solução foi
inaugurar o estádio antes de terminado, para que pudesse arrecadar com público
e também com aluguel para outros clubes.[6] Assim, ao dia 2 de outubro de 1960, sob os olhares de 64 748
pessoas, o estádio Cícero Pompeu de Toledo foi inaugurado em um jogo contra o Sporting, de Portugal.[30]
Com o estádio em condições de receber jogos, o clube partiu novamente
atrás de maneiras de conseguir mais dinheiro para sua conclusão. Conseguiu por
vários meios, entre eles o Carnê Paulistão, uma espécie de bingo, criado pelo
apresentador e torcedor do clube Hélio Setti, da Rede
Excelsior de televisão. Ele sorteava prêmios pela televisão às pessoas que
estivessem em dia com o pagamento dos carnês, num sistema parecido com o atual Baú da Felicidade.[6] Outras fontes utilizadas foram parcerias, permutas comerciais[31] e empréstimos financeiros,[27] além da venda dos títulos patrimoniais e sociais que serviram para
alavancar verba para a finalização do estádio e para a construção da parte
social.[32] Já quase no fim da obra, a Prefeitura propôs uma troca do novo estádio
pelo Estádio do Pacaembu, ao que Laudo Natel prontamente respondeu que "o
sonho do são-paulino não cabe no Pacaembu".[31]
Por conta da construção do estádio, o clube teve seu maior jejum de
títulos — conhecido no jargão futebolístico como "fila" — entre os períodos de 1957 e 1970,
constituindo treze anos sem títulos expressivos. Nessa época o clube angariou
os títulos da Taça dos Campeões Estaduais
Rio-São Paulo em 1958, Pentagonal de Guadalajara (México)
em 1960, Quadrangular de Cali (Colômbia) em 1960, Campeonato Paulista de Segundos Quadros em 1960 e 1962, Pequena Taça do Mundo (Venezuela) em 1963, Torneio Triangular de El Salvador (El
Salvador) em 1964, Torneio de Firenze (Itália) em 1964 e Troféu Colombino Huelva (Espanha) em 1969, num total de nove títulos. Mesmo assim, o hiato de conquistas
oficiais é o menor entre os rivais de estado.[6]
Se para o futebol o período não foi profícuo em títulos, para o
pugilismo foi o que mais obteve destaque. Compreendida entre as décadas de
1940, 1950 e 1960, a era de ouro do pugilismo teve como pilar a Academia de
Boxe das famílias Zumbano/Jofre, onde os atletas eram treinados em sua maioria
por Aristides Kid Jofre, pai de Éder
Jofre. Nessa época formou lutadores que se tornariam famosos e conquistariam
títulos brasileiros, sul-americanos e mundiais. E foi justamente em 1960 que
Éder Jofre conquistou seu primeiro título mundial pelo São Paulo, o de
Pesos-Galos da Associação Mundial de Boxe, AMB. Após dois anos, em 1962, ele conquistou o Mundial de Pesos-Galos
Unificado.[33]
O maior estádio particular do mundo à época estava pronto e, com isso, o
clube pôde enfim voltar novamente suas atenções para o escrete tricolor. Dessa
maneira, foram contratados o volante Edson Cegonha, o centroavante Toninho Guerreiro, o lateral-direito Pablo
Forlán e o meio-campista Gérson, montando assim um time
muito forte,[6] mas que demorou até 1970 para engrenar.[7]
Após as contratações o estádio deveria ser inaugurado e então, no dia 25
de janeiro de 1970, foi feito o jogo de sua inauguração definitiva. Porém, dias
antes do jogo inaugural, as madeiras resultantes da construção continuavam
dentro de campo e a empresa que retiraria as madeiras deu um prazo de 40 dias
para fazê-la. Um dirigente do clube que possuía contatos dentro do exército
ficou sabendo que eles precisavam de lenha e encaminhou uma proposta em que o
time cederia a madeira, mas o exército deveria retirá-la de lá em um dia
apenas. O acordo foi fechado, e a madeira, recolhida.[31]
Os números da construção do estádio impressionam pela grandeza. Foram
utilizados cinquenta mil metros
cúbicos de concreto, quatrocentos mil sacos de cimento e seis mil toneladas de
ferro. A área destinada ao público é de 64 450 metros quadrados.[34]
O jogo, contra o Porto, de Portugal, foi o divisor de águas na época, pois a torcida e os dirigentes
cobravam o então presidente Laudo Natel sobre a seca de títulos. Ele respondia
sempre dizendo que não adiantava ter um time sem patrimônio e que assim que o
estádio estivesse construído montaria uma boa equipe para ganhar um título em
um ou dois anos, o que acabou ocorrendo no próprio ano da inauguração e se
repetindo no ano seguinte.[27]
O
estádio serviu também para apaziguar os ânimos dos que diziam que o local da
construção, o bairro do Morumbi, seria para sempre desabitado. Pois, se antes
não havia nada por lá, o esgoto, a água e a luz foram para lá e hoje ele é
considerado um dos bairros mais chiques e elegantes, com o metro quadrado entre
os mais caros da capital. Por conta de sua localização o estádio passou a ser
conhecido como Morumbi e o time, que já fora o São Paulo da Floresta e o
Tricolor do Canindé, agora seria o Tricolor do Morumbi.[6] [27] [31]
Portanto
nos anos 70 o São Paulo conseguiu se superar em vários aspectos. Conseguiu, em
1971, um vice-campeonato no Campeonato Brasileiro — seu melhor resultado até então —
e de quebra a classificação para a Libertadores de 1972, em que terminou no quarto lugar. Desde o
início dessa década o clube foi melhorando seu desempenho, com os Paulistas de 1970, 1971 e 1975 e o inédito Campeonato Brasileiro de 1977. Houve ainda os vice-campeonatos do Brasileiro de 1973 e da Libertadores de 1974.[7]
Sobre o primeiro Campeonato Brasileiro conquistado, pode-se dizer que
foi o mais improvável título do clube, pois os especialistas da área
consideravam aquele time mediano e nem o incluíam entre os favoritos, mesmo
contando com o melhor treinador do país — Rubens
Minelli — e com um elenco que continha nove jogadores que tiveram ou teriam
passagem pelo selecionado nacional. Pois
aquele time jogou o campeonato inteiro ganhando quando deveria e perdendo
quando podia — foram apenas duas derrotas nas duas primeiras fases — até
chegarem às partidas decisivas. Na terceira fase o time só perdeu para o Botafogo de Ribeirão Preto, e ainda assim com um gol mal anulado, que resultou na suspensão do
atacante Serginho Chulapa após um
chute desferido no bandeirinha que anulara o gol. E na semifinal passou pela
então zebra, o Operário de Campo Grande, com uma
vitória em casa por 3 a 0 e uma derrota fora por 1 a 0.
Dessa maneira o Atlético Mineiro e o São
Paulo chegaram à final, que seria disputada em partida única no Mineirão, com o time mineiro
apontado como favorito ao título. Na grande final os times não contariam com
seu maiores jogadores, Serginho pelo tricolor e Reinaldo pelo alvinegro mineiro.[6] Seguindo as ordens do técnico, o time fez uma marcação muito forte, não
deixou o Atlético jogar e ainda criou as melhores chances de gol. O jogo foi
então para a prorrogação, mas o placar não foi aberto por time algum. Na
decisão por pênaltis, o que contou mesmo foi a catimba do goleiro tricolor Waldir Peres, que
conseguiu desestabilizar os batedores atleticanos — eles desperdiçaram três
cobranças, ficando, assim, o título com o Tricolor do Morumbi.[6]
Porém, em 1978 o São Paulo não conseguiu o título do Paulista contra o Santos, que só foi decidido em meados do ano seguinte, e logo
depois abdicou do Brasileiro de 1979 para se dedicar ao Paulista, quanto não conseguiu nada além de um sétimo lugar, sinal de que
precisava mudar novamente.[7]
Éder
Jofre já havia conquistado a glória com os dois títulos mundiais, porém duas
derrotas por pontos e muito contestadas em 1965 e 1966 fizeram-no abandonar o
boxe. Mas em 1969 Éder surpreendeu a todos e voltou a lutar, dessa vez em nova
categoria, a de Peso Pena. Mesmo em uma categoria superior à com que estava
acostumado, Éder conquistou uma incrível série de 25 vitórias, e uma delas
valeu-lhe, inclusive, o título do Mundial de Pesos-Penas pelo Conselho Mundial de Boxe, o CMB,
de 1973.[35]
O ano de 1980 começou com uma incômoda marca: o Brasil não ganhava uma Corrida de São Silvestre havia 34 anos. Pois o corredor são-paulino José João da Silva acabou
de vez com esse estigma, faturou o título e de quebra ainda estabeleceu os
recordes brasileiros dos 5 mil e dos 10 mil metros, que só seriam ultrapassados
depois de dezesseis anos. Em 1985, após passar por uma cirugia no joelho e
quebrar um braço, ele conquistou seu bicampeonato na corrida trajando as cores
do Tricolor do Morumbi.[36] [37] [38] [39]
No futebol, o time começou a década de 1980 muito bem, com um
bicampeonato paulista em 1980 e 1981 e um vice-campeonato brasileiro também em 1981, conquistando dessa maneira os apelidos de Máquina Tricolor e
Tricolaço.[6] [7] A partir de 1981 o clube fez uma série de intercâmbios com times americanos, iniciados com o Cosmos, que possibilitaram trazer o zagueiro Oscar para o clube. Ainda em
1981 o clube teve a honra de atuar com o camisa 10 Rivellino, em um amistoso contra a seleção da Arábia Saudita.[7] Nessa época o clube passou por uma reformulação geral em seu quadro de
diretores, que passaram a gerir o clube de forma ambiciosa com a intenção de
elevar o clube a potências de nível europeu. Para tal foram vendidos
gradativamente diversos jogadores, entre eles Müller e Chicão, e contratados tantos
outros, tais como Renato e Oscar.[6]
“ É mais que Tricolor, é Tricolor com aço, é Tricolaço! ”
O time até que começou bem o ano de 1982, mas com o vice-campeonato paulista perdido para o Corinthians uma fase transitória já estava a caminho.
Serginho Chulapa se transferiu para o Santos em 1983 e para seu lugar a
diretoria contratou o jovem e talentoso Careca, mas o calvário continuou
com outro vice-campeonato, novamente para o Corinthians, e a "máquina" emperrou de vez.
Em 1984 o técnico Cilinho começou a novamente dar
forma ao time e no ano seguinte promoveu diversos jogadores da categoria de
base do clube, entre eles Müller e Silas, e, após uma reação
surpreendente em um empate contra o Grêmio, o time ganhou a alcunha
de Menudos do Morumbi, em alusão à banda porto-riquenha Menudo.[7] Vale salientar que houve também a contratação do "Rei de Roma",
Falcão, que chegou como a grande
contratação do ano de 1985.[6] Com esse time, o clube conquistou o bicampeonato brasileiro em 1986 e os Paulistas de 1985 e 1987.[7]
No Brasileiro de 1986 o São Paulo entrou como favorito ao título,
diferente do que havia acontecido em 1977,[7] porém isso não significa que o time teve vida fácil. Nas primeiras
fases tudo correu muito bem, com apenas uma derrota. Aí vieram os mata-matas, e
a estrela de Careca brilhou mais forte: ele só deixou de marcar no jogo de ida
contra o Fluminense. O clube
passou por adversários fortes e chegou à final contra o Guarani, ex-time de Careca. O
primeiro jogo terminou empatado em 1 a 1, com gols de Evair para o bugre e de Careca
para o tricolor — artilheiros da competição com 24 gols cada. A decisão seria
no jogo de volta, a ser disputado em um Estádio Brinco de Ouro da Princesa lotado. No tempo regulamentar, novamente empate em 1 a 1, o que forçou
a prorrogação. No primeiro minuto o São Paulo virou o jogo, mas seis minutos
mais tarde o Guarani empatou. Aos cinco minutos do segundo tempo da prorrogação
o Guarani fez 3 a 2 e, confiante que não haveria mais tempo para um novo
empate, o responsável pelo sistema de alto-falantes do estádio começou a tocar
o hino do clube. Mas faltando apenas um minuto para o fim a bola sobrou para
Careca empatar o jogo e desempatar a artilharia da competição. Novamente o título
seria decidido nas penalidades, e foi novamente a favor do Tricolor do Morumbi.[6]
Já o ano de 1988 não foi pródigo em títulos e culminou com o fim da fase
dos Menudos, mas serviu para enriquecer ainda mais o patrimônio do clube, pois
em 9 de abril foi inaugurado o Centro de Treinamento Frederico Antonio Germano
Menzen — também conhecido como CCT da Barra Funda ou ainda CT Barra Funda —,
no bairro da Barra Funda, em uma
área de 44 472 metros quadrados.[6] Ele surgiu como uma necessidade de acomodar melhor os atletas da
categoria principal do São Paulo, uma vez que o Estádio do Morumbi com a
modernização do esporte e apesar de confortável, não oferecia tudo o que o time
necessitava.[40]
O time foi mal em 1988, mesmo com a contratação de Bobô, e não conseguiu muita
coisa. O ano de 1989 parecia que seguiria na mesma toada, mas, com uma mudança
no comando do time, a motivação às peças que já estavam jogando — entre elas Raí — e a
contratação de Ricardo Rocha, o time
conquistou o Paulista de 1989.[6] [7]
Uma curiosidade dessa época é que o time, em suas cinco conquistas
estaduais, sempre começou mal as disputas e foi se recuperando no decorrer da
competição, o que lhe conferiu o apelido de "time de chegada". Por
conta disso, a torcida não se preocupava com um mau começo nos campeonatos,
pois sabia que o time teria condições de chegar ao título.[6]
Após praticamente duas décadas vitoriosas, alguns apostavam em uma fase
descendente do clube, o que pareceu que iria ocorrer em 1990. Logo no Paulista daquele ano o São Paulo foi muito mal, não conseguindo se classificar entre os
dezesseis que iriam à segunda fase e que consequentemente ficariam no grupo
mais forte no ano seguinte. Restava ao tricolor conseguir uma vitória na repescagem
contra o Botafogo de Ribeirão Preto para continuar com pretensões de título. Mas conseguiu apenas um empate
e nem a goleada por 6 a 1 sobre o Noroeste na última rodada fez com
que o time conseguisse a classificação.[6] [7]
Esse episódio é um dos mais controversos da história do futebol
paulista: afinal, teria o São Paulo sido rebaixado em 1990? Para explicar essa
passagem, é necessário que sejam explicados também os estaduais anteriores. Em
1988 e 1989 também não houve descenso.[6] [41] E o regulamento do ano de 1990 não previa, seguindo os anteriores,
descenso à divisão imediatamente inferior.[6] [41] [42]
“ Para o
Campeonato da Primeira Divisão de Futebol Profissional de 1991, o Grupo I será
constituído pelas 14 associações classificadas para disputar a quarta fase do
Campeonato de 1990 e o Grupo II será constituído pelas dez associações
restantes que não se classificaram para a quarta fase e mais quatro advindas da
Divisão Especial de 1990. ”
“ No campeonato da primeira divisão de futebol profissional de 1990, não
haverá descenso à divisão especial de futebol profissional. Mas a partir de
1991, ou a cada ano, haverá o descenso de uma associação da Primeira Divisão de
Futebol Profissional e o acesso de uma associação da Divisão Especial de
Futebol Profissional. ”
Voltando
ao campeonato, o São Paulo, já com Telê Santana, não conseguiu melhorar sua
colocação no Paulista de 1990. Mas já no Paulista de 1991 colocou ordem na casa e, valendo-se
de jogar contra times menores, conseguiu chegar às finais do campeonato e mais
tarde ao título, disputado contra o Corinthians. O grande nome desse
campeonato, e que seria por mais algum tempo, foi Raí, que chegou ao clube e,
apesar de ser um dos mentores do título de 1989, não era unanimidade. Chegou a
ser vaiado e quase foi emprestado. Mas Telê insistiu nele, o que acabou gerando
resultados, pois foi Raí que novamente levou o clube a mais um estadual.[6] E Telê realmente arrumou o time,
pois, após duas finais seguidas que o time perdeu, faturou o título de tricampeão do Brasil em 1991 na terceira.[6]
A
partir daí o mundo era o limite,[7] tanto que em 1992 o clube definiu
como primordial a conquista da Taça Libertadores da América de 1992, uma vez que na Libertadores de 1972 o clube ficara a um empate da final, em 1974 perdera a final no jogo-desempate e em 1978, 1982 e 1987 não passara da primeira fase. A taça era prioridade para o clube, mas
não para Telê, que considerava a competição desleal. Desse modo, escalou apenas
três titulares no jogo de estreia e perdeu para o Criciúma por 3 a 0. Mas a diretoria insistiu e forçou o técnico a priorizar a
competição sul-americana, dizendo que desde aquela data ela contaria com exame antidoping, no que foi prontamente atendida.[6] O time foi evoluindo durante a
competição. No primeiro jogo da final, em Buenos Aires, o Newell's Old Boys venceu por 1 a 0. No jogo de volta, uma cena
inédita: horas antes do jogo, o Morumbi já não tinha lugar para mais ninguém,
com 105 185 pessoas dentro do estádio e mais 15 mil do lado de fora — mas
a torcida continuava chegando. As vias de acesso ao estádio ficaram entupidas.
E, empurrado por um estádio apinhado, finalmente o título da Libertadores veio,
nos pênaltis, depois de vitória por 1 a 0 no tempo normal. A torcida invadiu o
gramado para comemorar em uma festa que a cidade de São Paulo jamais havia
visto.[6]
Com
esse título, o clube partiu para um compromisso ainda maior: enfrentar o Barcelona de Johan
Cruijff —
considerado o melhor Barcelona de todos os tempos[6] —, com craques do nível de Koeman, Stoichkov e Laudrup pelo Mundial Interclubes. Antes, em agosto, o clube já havia enfrentado
o mesmo Barcelona e conquistado uma vitória por 4 a 1, pelo Troféu Teresa Herrera. No jogo do mundial, o Barcelona saiu na
frente, mas dois gols de Raí viraram o jogo e deram o título ao time de Telê
Santana. O São Paulo era enfim o melhor time do mundo. Na volta, o São Paulo
fez mais uma vítima, na segunda partida da final do Paulista de 1992: o Palmeiras, que amargava uma fila
de 16 anos.[6]
Se é pra
ser atropelado, melhor que seja por uma Ferrari. ”
Após o São Paulo chegar ao topo do mundo, era preciso manter-se nele.
Para tal, novamente foi dada prioridade máxima à Libertadores de 1993, dessa
vez com um facilitador: como havia sido campeão em 1992, o time já entraria na
fase de mata-matas. A equipe estava muito bem preparada, com a parte técnica e
tática no auge e pronta para enfrentar um ano em que o time realizaria 97
partidas.[6]
O São Paulo passou mais facilmente por seus adversários em relação ao
ano anterior e chegou às finais contra a Universidad Católica, do Chile. O time aplicou no primeiro jogo, no Morumbi, uma sonora goleada por 5
a 1 e praticamente colocou a mão na taça. O segundo jogo, vencido pelo clube
chileno por 2 a 0, não tirou o brilho da conquista em que foi aplicada a maior
goleada em finais do certame de toda a história. Esse foi o último campeonato
de Raí, que iria para a França desfilar seu futebol.[6]
Por pouco o São Paulo não repetiu a dobradinha Libertadores/Paulista. O
clube ficou fora das finais contra o Palmeiras por conta de um revés para o
Corinthians, em que Neto marcou um gol em claro
impedimento e um gol legítimo de Palhinha foi anulado.[7] Pela Recopa Sul-Americana, o clube
conseguiu seu primeiro título, em cima do Cruzeiro, nas penalidades, e dois
meses depois conquistou a Supercopa, em cima
do Flamengo.[7]
O São Paulo chegou enfim ao jogo do Mundial Interclubes, dessa vez
contra o Milan de Fabio
Capello, único campeão italiano invicto
da história. O jogo era esperado com muita ansiedade, pois especialistas
colocavam as duas equipes como as melhores do mundo à época.[6] O Milan partiu para cima do São Paulo, sufocando o time e criando as
melhores condições de abrir o placar, mas o tricolor é que marcou o primeiro
gol. Os italianos empataram no segundo tempo em uma cobrança de escanteio, mas
onze minutos depois o São Paulo desempatou novamente. Eis que o Milan
conseguiu, aos 36 minutos, novo gol de empate. Tudo levava a crer que haveria
prorrogação, e o time brasileiro talvez não tivesse fôlego para tal por conta
das quase cem partidas no ano. Mas Müller estava com muita sorte: em um
lançamento mal feito por Toninho
Cerezo, a bola rebateu no goleiro do time italiano, bateu no calcanhar do
atacante tricolor e entrou de mansinho no gol: 3 a 2.[6] Nos contra-ataques o São Paulo faturou seu segundo título mundial.[7]
“ No ano
passado, o supertime era o Barcelona, mas viemos a Tóquio e ganhamos deles.
Este ano, o supertime era o Milan. E também vencemos. Então eu pergunto: se
eles são supertimes, o que é o São Paulo, afinal? Gostaria que me respondessem… ”
O São Paulo chegou novamente às finais da Libertadores em 1994, mas não
foi possível levar o tricampeonato. Na verdade, boa parte do ano de 1994 foi
infeliz: com exceçoes foram a Recopa Sul-Americana, vencida
contra o Botafogo e a Copa
Conmebol. Precisamente, a surpresa do clube nesse ano foi o chamado
"Expressinho",[6] o time de juniores e reservas do clube que disputava as partidas e
torneios amistosos quando o time titular não estava disponível. Mas esse time,
que tinha entre seus titulares jovens promessas, como Rogério
Ceni, Juninho Paulista e Denílson, foi designado para jogar,
entre outros campeonatos, a Copa Conmebol (competição precursora da
atual Copa Sul-Americana), e
trouxe o título, ganho em cima do Peñarol, que incluiu uma goleada
por 6 a 1 no primeiro jogo da final.[6]
Telê Santana ficou por cinco anos no São Paulo. Nesse período venceu
todas as competições possíveis de ser vencidas por um clube paulista (exceto a
Copa do Brasil): Campeonato Paulista, Brasileiro, Libertadores, Copa Conmebol,
Supercopa da Libertadores, Recopa da Libertadores e Mundial Interclubes, além
dos torneios Ramón de Carranza e Teresa Herrera.[7]
Em 1993 decidiu-se organizar e mostrar as conquistas do clube. Para isso
foram necessários dez meses de planejamento para, em 1994, ser inaugurado o
Memorial Luiz Cássio dos Santos Werneck.[44] O nome é homenagem a Luiz Cássio dos Santos Werneck, fiel escudeiro de
Cícero Pompeu de Toledo durante toda a construção do Estádio do Morumbi.[6] Até então, não havia um cuidado muito grande com a história do clube, e
o Tricolor Paulista foi o precursor nesse tipo de empreendimento.[44]
O memorial foi montado para que, além de mostrar as conqusitas dos
gramados, também pudesse exibir conquistas fora deles. Além disso, preocupa-se
em mostrar pontos importantes da história não só para o clube, mas para todo o
esporte. Encontram-se no memorial, por exemplo, os troféus já conquistados na
história do clube, objetos pessoais de Éder Jofre, Leônidas da Silva e Adhemar
Ferreira da Silva, retratos de jogadores e ídolos, a história do Estádio do
Morumbi e as conquistas de todas as modalidades já praticadas no clube.[44]
Mas
tudo o que é bom tem data para acabar e em 1995 Telê Santana ficou doente se
afastou até 1996, quando foi definitivamente substituído: a "Era
Telê" havia acabado.[7] Junte-se a isso a reforma
estrutural sofrida pelo estádio para a colocação dos amortecedores em que o
futebol foi relegado ao segundo plano.[45] Aquele time era considerado imaturo
e bastaram três vice-campeonatos no biênio 96/97 — dois estaduais e uma
Supercopa — para garantir a alcunha de "viceado".[6] Entre 1995 e 2004 passariam pelo
tricolor nada menos que catorze técnicos, sem nenhum título importante
conquistado nesse período.[7]
O
time até tinha bons jogadores, entre eles Rogério Ceni, França e Denílson, e ainda foram contratados Gallo, Capitão e Márcio Santos. Com esse time o clube conseguiu chegar às
finais do Paulista de 1998. Mas foi com a volta de Raí,
somente para jogar a final, que o clube se sagrou campeão Paulista, seu 19.º
título estadual.[6]
Cabe
ressaltar que Raí já havia firmado acordo para sua volta desde 1997 e que a
transferência seria concretizada em maio de 1998. Mas, como Raí já estava em
São Paulo e iria assistir à final, um dos diretores do clube consultou a Federação
Paulista de Futebol para saber se seria viável sua inscrição e recebeu resposta
positiva. Toda a documentação foi então enviada às pressas para que depois,
perfeitamente regularizado, pudesse entrar em campo. Todos os jogadores foram
unânimes em aceitar sua volta e ceder lugar na equipe. A manobra foi muito boa
para o time, que, com Raí em campo, bateu o Corinthians por 3 a 1, com um gol e
uma assistência do meia.[6]
O
ano seguinte começou mal, com eliminações em semifinais por três vezes
seguidas. O time precisou fazer modificações no elenco e trocar de treinador
para conquistar os tão sonhados títulos. E então, já em 2000, o time conquistou
o Campeonato Paulista em uma final que deu o último
título de Raí no São Paulo. Com essa vitória, o tricolor terminou o século como
maior vencedor dos estaduais de São Paulo na média, com um título a cada 3,33
temporadas, enquanto o alvinegro paulistano teve um título a cada 3,91
temporadas e o alviverde, a cada 4,09.[6]
Até
aquele ano o clube não havia conseguido dois títulos: o do Rio-São Paulo e o da Copa do Brasil, que deixou escapar na final de 2000, em um jogo em que precisava somente do empate com gols contra o Cruzeiro: sofreu a virada, 2 a 1, aos 44 minutos do segundo tempo.[6] Logo após a eliminação, Raí
aposentou-se definitivamente dos gramados.[7]
O
Rio-São Paulo sempre foi querido pelo torcedor e até 2001 o time já havia
participado de 21 edições, com o vice-campeonato como melhor colocação, em
1933, na primeira edição, 1962, 1965 e 1998. E, sempre que o time tinha
condições de conquistá-lo, acontecia algo que impedisse o trunfo. Em 1949, o
Tricolor decidiria com o Corinthians a final dependendo apenas de um empate,
mas o jogo foi adiado devido à realização do Campeonato
Sul-Americano de Seleções e depois acabou não sendo realizado. Em 1956 o clube chegou a ser
campeão da fase nacional da disputa, mas esta não foi oficializada, pois houve
desistência de todos os times cariocas
Porém em 2001 o São Paulo, já sem Raí, mas com Luís Fabiano, Júlio Baptista e Kaká — na época ainda escrito com C
— conseguiu chegar à final do Rio-São Paulo e ganhar do Botafogo; Kaká viraria, nessa
última partida, o ídolo de hoje.[6]
Algum tempo depois, em julho de 2001, o time ficou por quase um mês
órfão de um de seus maiores ídolos, Rogério Ceni, acusado pela diretoria de
falsificar uma proposta do Arsenal, da Inglaterra. Porém, com a ajuda de vários funcionários, colegas e até de diretores,
conseguiu dar a volta por cima. Nesse período o atual ídolo do time quase foi
transferido para o Cruzeiro, que desistiu do negócio em cima da hora.[46] A essa altura o time já contava com a experiência de Leonardo, que voltara da Itália.[7]
Em 2002, o São Paulo teve um ano tenebroso: perdeu mais uma decisão do
Rio-São Paulo, para o Corinthians, foi desclassificado da Copa do Brasil pelo
mesmo Corinthians e no Brasileiro saiu após duas derrotas para o time do Santos
que formou a geração Robinho.[7] O que salvou nesse ano foi a conquista do Supercampeonato Paulista, um
torneio feito entre o campeão do Campeonato Paulista de 2002, o Ituano, e os três melhores times
paulistas no Rio-São Paulo do mesmo ano, o último a ser realizado. Mesmo assim,
os jogadores tiveram que conviver com a fama de "amarelões".[6]
No pugilismo, o clube conseguiu fazer o maior boxeador da época vestir
as cores do São Paulo. E no dia 3 de agosto de 2002 o boxeador Acelino
Freitas, o Popó, derrotou por pontos o nigeriano Daniel Attah, em Phoenix, capital do Arizona, Estados Unidos, tendo
representado, nessa ocasião, as cores do São Paulo. Houve ainda a tentativa de
marcar uma luta do pugilista para o estádio do Morumbi, porém sem sucesso.[47] [48]
Em 2003 e 2004, o máximo que o clube conseguiu foi uma vaga para a
Libertadores, competição de que não participava havia dez anos.[7] No mais, a equipe passou essa fase com uma crise financeira,[6] preterimento do futebol em prol do estádio,[45] equipes desequilibradas taticamente e em mudanças de elenco.[46] Em 2003 e com a imagem já desgastada com a torcida, Kaká despediu-se do
clube que defendeu por pouco tempo.[7] Em 2004 o São Paulo perdeu, na semifinal, para o Once Caldas, da Colômbia, e foi eliminado da Libertadores de 2004. Na
volta para o Brasil, foi direto para Belém, onde perdeu para o Paysandu. Na volta à capital, foi
recepcionado a pedradas pela torcida[7] e, no dia do clássico contra o Palmeiras, foi entoado o coro de pipoqueiros pelos torcedores, trajados de camisa amarela. O espírito do time precisava mudar.[46] No segundo semestre Luís Fabiano deixou o clube órfão de ídolos, pois
até então Rogério Ceni era considerado apenas um ótimo goleiro, mas não um
ídolo.[7]
No ano de 2004 o clube ainda inaugurou o o núcleo de Reabilitação
Esportiva, Fisioterápica e Fisiológica, o REFFIS, para tratar os
funcionários e atletas do clube ou de outras agremiações.[40] Ele é considerado a mais moderna instalação do tipo pertencente a um
clube na América do Sul, e o REFFIS é referência no Brasil, América do Sul e
até na Europa.[40] [49]
SAO PAULO FAZ CAMPANHA DE PROTECAO AOS ANIMAIS
Apogeu são-paulino
(Soberano) — 2005 a 2008
O time já possuía uma base definida e com as
contratações de Mineiro, Josué e Luizão o time ficou completo para a disputa de sua prioridade, a conquista da
América. Com Emerson Leão no comando, o time adquiriu uma alma guerreira e um Campeonato Paulista sem maiores
dificuldades. Mas Leão, inesperadamente, decide pedir demissão logo após o
título e no meio da Libertadores. Para seu lugar foi chamado Paulo Autuori que continuou e até aperfeiçoou o trabalho anterior. Sob seu comando o
time passou fácil por todos os competidores da América até chegar à final
contra o Atlético Paranaense, a primeira disputada entre clubes de um mesmo país.[6]
Na primeira final, realizada no Estádio Beira-Rio por falta de capacidade na Arena da
Baixada — eram exigidos quarenta mil —, o tricolor conseguiu
um empate por 1 a 1, e a decisão ficou para o Morumbi. Então, no dia 14 de
julho de 2005, o São Paulo conquistou a América pela terceira vez. O segundo
jogo foi bem mais fácil, com o São Paulo dominando desde o início e abrindo o
marcador no primeiro tempo. No segundo, construiu a goleada por 4 a 0, a
segunda maior goleada da história das finais da Libertadores, tornando-se o
primeiro time brasileiro três vezes campeão da América.[6]
Mais
uma vez o time partiria para a conquista do mundo, dessa vez em um campeonato já
organizado inteiramente pela FIFA. O primeiro adversário foi o saudita Al-Ittihad. Entre o grupo, havia o temor de perder e
passar por um grande vexame e a mídia havia relatado um racha no grupo por
causa do "bicho", algo que nunca ocorreu.[46]
Depois
de algumas horas ficou decidido o que todos já esperavam, o adversário da
grande final seria o britânico Liverpool e o São Paulo era novamente o azarão. O goleiro do time inglês não sofria um gol havia onze
partidas.[50] Rogério Ceni, já ídolo do clube,
jogou a partida final com um dedo machucado e com um problema no menisco medial.[46] Em um jogo muito corrido o time
inglês apertou o São Paulo nas bolas aéreas e nos lançamentos enquanto que o
tricolor fez um jogo defensivamente perfeito e ainda fez um gol.[50] Assim, o time conquista a vitória
pelo placar simples com o gol de Mineiro, as defesas de Rogério e a entrega e
garra do time.[46] O time tricampeão é mais guerreiro,
valente e menos talentoso que o time do bicampeonato de 1992 e 1993, mas não
menos merecedor pois conquistaram um campeonato com mais facilidade que o épico
time de 1992.[50]
Nesse
mesmo ano, em 16 de julho, foi inaugurado o Centro de Formação de Atletas Presidente Laudo Natel, também conhecido como CFA de
Cotia, CT de Cotia ou ainda simplesmente como CFA e que é localizado em Cotia, região Metropolitana de São Paulo. Foi construído para oferecer uma
infraestrutura de primeiro mundo para a formação das categorias de base do
clube que incluem o infantil, juvenil e júnior (sub-15, sub-17 e sub-20).[51]
Depois
disso foi inevitável um desmanche no time campeão. Mas poucas peças foram
perdidas, uma das mais importantes perdidas foi o lateral Cicinho, porém ele foi substituído à altura por Ilsinho. O time continuava sob a batuta de Rogério
Ceni e o técnico agora era Muricy Ramalho. Depois dos vice-campeonatos do Paulista, Libertadores e Recopa, o time colocou o Brasileiro de 2006 como prioridade e única salvação na
temporada. E deu certo. O time esteve na ponta da tabela por quase todo o
campeonato, teve o melhor ataque, a melhor defesa e terminou com nove pontos a
mais que o segundo colocado. O jogo que garantiu o título — o primeiro conquistado
na era dos pontos corridos — foi, como nos campeonatos anteriores, um empate,
dessa vez por 1 a 1 contra o Atlético Paranaense na antepenúltima rodada. Os
destaques da campanha foram Rogério Ceni, que liderou o time, conquistou o
campeonato que faltava em sua galeria e de quebra tornou-se o goleiro com mais gols no mundo inteiro, e a torcida, que compareceu em
peso ao Morumbi. Com o título brasileiro de 2006 o São Paulo manteve a escrita
de ganhar um brasileiro a cada década.[52]
Em
18 de outubro de 2006 foi sancionada na cidade de São Paulo a lei número
14 229, de 11 de outubro do mesmo ano, cujo projeto de lei era de número 648, de 2005, em que
fica definido que no dia 16 de dezembro de cada ano será comemorado o "Dia
Tricolor", homenageando a data de refundação do clube.[53] [54]
Em
2007, novamente titulares foram perdidos e novamente o time começa sendo
eliminado nos campeonatos Paulista e Libertadores. Mais uma vez Muricy sofre pressão para sair
do time, mas graças a presidente Juvenal
Juvêncio continua
no cargo. O início no Brasileirão de 2007 foi cambaleante, graças também à
eliminação da Libertadores, mas o tricolor embalou e ainda no primeiro turno já
estava em primeiro lugar. A sequência de vitórias foi tão boa que o clube ficou
sem perder por 16 jogos, destes, 14 vitórias. Ficou também exatos 688 minutos
sem levar um gol sequer pelo certame durante nove jogos. O São Paulo revelou
também algumas peças, tais como Hernanes e Breno. O jogo do título teve um sabor diferente, foi solto com uma vitória. O
clube precisava apenas de um empate contra o América do Rio Grande do Norte, mas tratou de fazer 3 a 0. Com esse título e
mesmo passando por turbulências no ano, o técnico Muricy Ramalho entra para a
história como um dos técnicos bicampeões brasileiros.[55]
Nesse
mesmo ano o clube começa a colocar em prática o projeto de uma área no Estádio do Morumbi, chamada Morumbi Concept Hall, destinada a aumentar a circulação de pessoas,
fortalecer a marca do time e aumentar a receita em dias em que não há jogos no
estádio, aumentando, assim, as opções de entretenimento, negócios e lazer para
os paulistanos e turistas.[56]
Como
primeiro passo dessa empreitada, o clube lançou a Rbk Concept Store, inaugurada em 27 de agosto de 2007. Com 700
metros quadrados, a megaloja é a maior sediada em um estádio na América Latina
e conta também com um camarote VIP para os dias de jogos.[57]
O ano passou e 2008 se desenhava como o anterior: o time fora eliminado
no Paulista e Libertadores e sobrou
o Campeonato Brasileiro de 2008, mais uma vez, para tentar uma redenção. O problema é que dessa vez o
time demorou muito a engrenar e na abertura do segundo turno, o líder Grêmio
havia aberto 11 pontos de vantagem em relação ao tricolor. Mas o clube não é
conhecido como "time de chegada" à toa. No segundo turno o time fez
um pacto para angariar mais um título, o primeiro tricampeonato do clube. Saiu
ganhando de todos os adversários diretos e fez uma sequência de 16 jogos sem
derrota. O time de 2008 teve mais a cara de Muricy, mas Rogério Ceni, mais uma
vez foi o líder do time.[58]
O jogo final, dessa vez, aconteceu na última rodada do certame contra o Goiás em um momento turbulento.
Tudo porque, às vésperas da partida decisiva em que ao tricolor bastava um
empate, Marco Pólo Del Nero, presidente da FPF, aconselhado por um promotor do GAECO, entrou em contato com a Confederação Brasileira de Futebol, CBF, para avisar ao seu presidente Ricardo
Teixeira de que um envelope endereçado ao árbitro da fatídica partida, Wagner Tardelli, teria
sido enviado pelo São Paulo, como tentativa de suborná-lo.[59]
Ao saber dessa informação a Comissão de Arbitragem, através de novo
sorteio e para preservar a imagem do árbitro e do campeonato, trocou o árbitro
do jogo decisivo. Após o ocorrido um inquérito foi instaurado pelo STJD para que os responsáveis fossem encontrados. Depois de analisado o caso
ao dia 13 de fevereiro do ano seguinte, a CBF, o árbitro e o São Paulo foram
considerados inocentes da acusação de suborno ao árbitro por não terem sido
encontradas provas e um novo inquérito foi instaurado para analisar a conduta
da federação e de seu presidente no caso.[59] Após o julgamento, em 4 de março, a FPF foi obrigada a pagar multa de
dez mil reais, e o presidente foi afastado por noventa dias, por oferecer queixa
infundada.[60]
Portanto, mesmo que tudo tenha sido esclarecido posteriormente, o jogo
foi sob forte polêmica nos bastidores, mas os jogadores entraram centrados na
partida decisiva. O gol que sacramentou o título veio pelos pés do impedido Borges, 1 a 0 em um jogo que,
mesmo sem o tento, daria o título ao Tricolor do Morumbi. O clube conquistou
com essa vitória, o inédito tricampeonato brasileiro, além do hexacampeonato,
nenhum outro time ganhou tanto no futebol brasileiro.[58]
ROGERIO CENI O MAIS ARTILHEIRO DE TODOS OS GOLEIROS
Anos difíceis — 2009
a 2013
O
novo ano começou com a perspectiva de que o time consiguiria fazer uma
temporada exemplar e conquistar, finalmente, a Libertadores de 2009, agora mais que uma obsessão, uma vez que o
time falhou por três vezes consecutivas, sempre com times brasileiros sendo os
algozes. O time foi inteiramente mantido e ainda foram trazidos novos reforços,
por conta disso a espera para o ano era das melhores.[61]
O
Campeonato Paulista foi, num primeiro momento, colocado
em segundo plano, uma vez que a Libertadores era o alvo. O clube cogitou,
inclusive, entrar com o time reserva nos jogos, o que acabou sendo descartado
logo após.[62] Mesmo assim o clube conseguiu
apenas um quarto lugar na competição estadual.[63] Focado na Libertadores, o clube
também não foi bem e foi eliminado nas quartas-de-final por mais um time
brasileiro, dessa vez o Cruzeiro.[64] E o que o presidente tricolor
conseguiu evitar por três anos seguidos se concretizou, Muricy Ramalho foi
demitido devido ao término de um ciclo no clube onde conquistou três
brasileiros de modo consecutivo mas não logrou êxito na mais importante das
competições, a Libertadores.[65] [66]
Assim,
após a demissão de Muricy no dia 19 de junho,[67] Ricardo Gomes foi contratado no dia seguinte após conversas
iniciadas na noite anterior.[68] Na partida do dia seguinte, contra
o Corinthians, Milton Cruz assumiu o comando do time interinamente[69] e somente na quarta-feira o novo
técnico foi apresentado.[70] Após a troca de comando o time
engrenou no Campeonato Brasileiro e arrancou da 14.ª posição para o
G4 — grupo dos times classificados para a Libertadores — com chances,
inclusive, de conquistar seu tetracampeonato seguido, que seria o sétimo título
nacional de sua história.[71] Porém, após tropeços na reta final
do certame, o clube ficou com o terceiro lugar. Como consolo, a sétima
participação seguida na Libertadores, a 15.ª de sua história, tornando-se o
clube brasileiro que mais participou da competição.[72]
A
temporada de 2010 começou com grande expectativa para torcida tricolor, com a
diretoria trazendo Fernandinho, revelação do Campeonato Brasileiro de 2009
pelo Grêmio Barueri, e antigos ídolos, como Cicinho, Alex Silva e Marcelinho Paraíba. No entanto, o ano não foi bom para o São
Paulo. Após uma campanha regular no Campeonato Paulista, sendo eliminado pelo Santos de Neymar, Paulo Henrique Ganso e Robinho, o time se concentrou unicamente na Taça
Libertadores. Depois de ser o segundo melhor clube da fase de grupos, atrás
apenas do rival Corinthians, o São Paulo eliminou o Universitario, do Peru, nos pênaltis, após dois empates por 0 a 0. Em
seguida, encarou o algoz da Libertadores anterior, o Cruzeiro, já com o reforço
de Fernandão, um antigo sonho da diretoria, que
estreou com uma vitória por 2 a 0 em pleno Mineirão, resultado repetido no jogo
de volta, no Morumbi, avançando às semifinais da Libertadores depois de três
anos para encarar outra equipe brasileira, o Internacional. As semifinais,
entretanto, foram disputadas apenas após a Copa do Mundo. Nesse período Cicinho retornou à Roma e
Washington, artilheiro do clube na Libertadores, voltou ao Fluminense, mas
outro ex-atleta do clube, Ricardo Oliveira, voltou. O São Paulo perdeu o jogo
de ida, no Beira-Rio, por 1 a 0, com uma má atuação, e
venceu o jogo de volta por 2 a 1, mas acabou eliminado pelo critério de gols
marcados fora de casa. Foi a quinta eliminação seguida na Libertadores para um
clube brasileiro. Ela selou a demissão de Ricardo Gomes.
No
Brasileirão, o São Paulo começou de forma regular devido à prioridade pela
Libertadores. Após a saída de Gomes, a diretoria promoveu Sérgio Baresi ao cargo de técnico. Ele fora
campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior no começo do ano e conhecia os
garotos da base, mas era inexperiente. Os maus resultados forçaram sua saída
depois de catorze jogos. Sua contribuição positiva é considerada a promoção de
jovens talentos, como Lucas e Casemiro para o plantel principal. Para o seu lugar foi contratado Paulo César Carpegiani, que estava fazendo uma boa campanha com o
Atlético-PR. Apesar de seu objetivo ser a classificação para a Libertadores de
2011, ele não obteve sucesso: o São Paulo ficou apenas em nono lugar e não
disputaria a Libertadores pela primeira vez em oito anos.
A temporada de 2011 foi a pior em muitos anos para o tricolor: o time
foi eliminado do Campeonato Paulista, novamente, pelo
Santos; da Copa do Brasil, pelo Avaí (que cairia no mesmo ano para a Série B do Campeonato Brasileiro); e da
Copa Sul-Americana, pelo Libertad, do
Paraguai. Já no Campeonato Brasileiro o São Paulo ficou
em sexto lugar, uma posição abaixo do necessário para se classificar à Copa
Libertadores. Porém, não ocorreram apenas coisas ruins para o tricolor em 2011.
Nesse ano o goleiro Rogério Ceni marcou o centésimo gol de sua carreira, na vitória sobre o Corinthians
pelo Paulistão, quebrando um tabu de onze jogos sem o São Paulo ganhar do
rival. Além disso, o goleiro artilheiro também fez sua milésima partida com a
camisa do São Paulo, contra o Atlético Mineiro, pelo Campeonato Brasileiro. E a diretoria anunciou a
compra do passe de Luís Fabiano por 7,6 milhões de euros, a maior contratação do São Paulo até então,
em março, embora o atacante só tenha reestreado em outubro, devido a uma lesão
no joelho sofrida quando ele ainda estava jogando pelo Sevilla.
Tentando
apagar a má impressão deixada pelo time do ano anterior, acusado de ser
"sem garra", o São Paulo foi às compras e contratou diversos
jogadores para a temporada de 2012, como Paulo Miranda, Jadson, Fabrício, Bruno
Cortês e Osvaldo, além de seguir apostando no
trabalho do técnico Emerson Leão, contratado na reta final do
Brasileiro de 2011. Os resultados não foram satisfatórios: o time até iniciou
bem a caminhada em busca do Paulista 2012, mas não resistiu ao Santos e foi
eliminado por ele pela terceira vez seguida na semifinal, em uma partida em que
o zagueiro Paulo Miranda (que já vinha sendo constantemente criticado por
sucessivos erros) caiu em desgraça com a torcida. Esse episódio marcou o seu
afastamento do clube, que tentava a conquista inédita da Copa do Brasil. O time passou por Ponte Preta e Goiás, mas caiu na semifinal diante do Coritiba. Após a eliminação, protestos semelhantes aos que ocorreram em 2004 (após
a eliminação frente ao Once Caldas pela Libertadores) começaram a ser
feitos pela torcida. Leão foi demitido pouco depois, e Milton Cruz assumiu novamente como interino,
com Ney Franco sendo contratado para o restante da
disputa do Campeonato Brasileiro. Nessa época, o torcedor
são-paulino testemunhou conquistas dos maiores rivais (o Santos foi tricampeão paulista pela terceira vez, o Palmeiras foi campeão da Copa do Brasil, quebrando um jejum de mais de dez anos sem
títulos importantes, e o Corinthians, campeão pela primeira vez da Libertadores). Em meados dessa temporada, a diretoria do
São Paulo anunciou a venda do meia Lucas ao Paris Saint-Germain por 108 milhões de reais, até então a maior
transferência de um clube brasileiro — no entanto o garoto só iria
apresentar-se ao clube francês em janeiro de 2013.
Com
Ney Franco, o São Paulo recuperou-se na temporada e terminou o Brasileirão na quarta posição, garatindo assim
o tão esperado retorno a Copa Libertadores da América após dois anos de ausência. Durante
a temporada, o clube também anunciou a compra de Paulo Henrique Ganso, na maior transação entre dois clubes
brasileiros na história. Além disso, o São Paulo bateu recordes de público no Morumbi, garatindo os maiores públicos do Brasileirão e de competições da Conmebol na temporada, que foi fechada com chave de
ouro pela polêmica, invicta e inédita conquista da Copa Sul-Americana. Durante a competição, o São Paulo eliminou o Bahia, enfrentou a odisseia de ir ate a cidade de Loja enfrentar a Liga de Loja e massacrou a campeã da edição de 2011, Universidad de Chile, com uma goleada implacável por 5 a 0 no jogo
de volta. Na semifinal, derrubou os chilenos da Universidad Católica e tudo se desenhou para uma final contra o Tigre, da Argentina. No primeiro jogo da final, lutando
contra muita catimba e a expulsão de Luís Fabiano, o Tricolor segurou o 0 a 0. Nesta
partida, o São Paulo marcou 2 a 0 ainda no primeiro tempo, com gols de Lucas e Osvaldo, em um jogo ainda marcado por
muitas jogadas ríspidas dos argentinos. Na saída para o intervalo, Lucas
mostrou o algodão sujo de sangue, fruto de uma cotovelada de Orban, do Tigre. Isto gerou uma confusão generalizada que culminou com a
expulsão de Paulo Miranda, pelo São Paulo, e Días, pelo Tigre. O clube
argentino recusou-se a entrar em campo no segundo tempo após confusão no
vestiário. Assim, o árbitro chileno Enrique Osses encerrou a partida e o São Paulo
conquistou o título inédito, o seu 12.° título internacional e o seu 41.°
título oficial, dando fim a um jejum de títulos que já durava quatro anos.
Para
a temporada 2013, com seis competições pela frente (Campeonato Paulista, Copa
Libertadores, Campeonato Brasileiro, Copa Sul-Americana e também as disputas da
Copa Suruga Bank e Recopa Sul-Americana), o São Paulo fechou, para 2013, a
contratação do experiente zagueiro Lúcio e trouxe uma das revelações do Brasileirão do ano anterior, o atacante Aloísio, além de Negueba e Wallyson, e o retorno do lateral Thiago Carleto.
No
Campeonato Paulista, o Tricolor fechou novamente a
primeira fase em primeiro lugar. Nas Quartas-de-Final, eliminou o Penapolense, em jogo marcado pelo uso de uma
camisa comemorativa, totalmente vermelha. Mas, na semifinal, sucumbiu diante do
rival Corinthians, nos pênaltis, dentro de casa: o Tricolor não vencia o
alvinegro no Morumbi desde 2007. Na Copa Libertadores, o São Paulo passou pelo Bolívar, na primeira fase, com um agregado
de 8 a 5. Na fase de grupos, complicou-se e não venceu nenhum jogo fora de
casa, mas a vitória no Morumbi diante do Atlético
Mineiro por 2 a 0,
somada à derrota do The
Strongest para o Arsenal de Sarandí, garantiu a classificação às oitavas-de-final
e impediram aquela que seria a pior participação do clube na história da
competição internacional. O time, então, enfrentou o mesmo Atlético no
mata-mata e caiu. Mais uma vez para um time brasileiro, com goleada por 4 a 1
no jogo de volta.
Esta
eliminação acarretou no afastamento de sete jogadores reservas da equipe. A
diretoria entrou em atrito com o atacante Luís Fabiano, após declarações do presidente
Juvenal Juvêncio, e manteve o técnico Ney Franco no cargo, mesmo em meio protestos
de parte da torcida. O time contratou alguns reforços do interior paulista para
a sequencia da temporada e acertou a participação em mais duas competições no
ano, a Copa
Audi e a Eusébio Cup, disputadas ambas na Europa, aonde
o Tricolor excursará durante o segundo semestre.
O
retorno após a pausa foi terrível. O São Paulo perdeu a Recopa Sul-Americana para o rival Corinthians, com duas derrotas, e
amargou a pior sequência de resultados da história do clube, com oito derrotas
consecutivas e onze jogos sem vencer. Ney Franco foi demitido durante a Recopa,
e Paulo
Autuori, técnico
campeão da Libertadores e do Mundial com o clube, oito anos antes, foi
contratado. O experiente Clemente Rodríguez foi o único reforço da janela internacional.
Na
excursão para o exterior, o São Paulo conseguiu segurar o Bayern de Munique, na estreia na Copa Audi 2013, por 55 minutos, até Mandžukić abrir o placar, e o time acabou
derrotado por 2 a 0. Na disputa do terceiro lugar, contra o Milan, também perdeu: 1 a 0. Na Eusébio Cup de 2013, o Tricolor conseguiu quebrar o jejum de
catorze jogos sem vitórias, ao vencer por 2 a 0 e ficar com a taça, entregue
pelo próprio Eusébio. No Japão, pela Copa Suruga Bank de 2013, o São Paulo acabou com o vice-campeonato, ao
perder por 3 a 2 para o Kashima Antlers, com três gols de Osako, sendo um no último minuto.
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